terça-feira, 29 de abril de 2008

Corretempopassalogoqueprecisomuitaforçamuitaforça

Estou perdida no estado das coisas. Disso que passa rápido mas não passa nunca. Do tempo que corre, mas não chega a lugar algum.
Me perdi – tão forte foi o encontro com partes de mim tão secretas. Eis a vertigem do amor.
Palavra não me pega mais. Mas é ela que eu pinto de refúgio e dou o nome que eu bem entender. Estou do sentir. Não quero falar. Não quero escrever. Não quero contar. Quero tocar cada pedacinho dos pesares. Quero sen-tir.
Estou assim, cheia de frasesinhas de filmes adolescentes na cabeça. Nadando por lugares em que não consigo tocar o fundo com os pés – mas sei que ele está lá.
Mergulhada em clichês, sem medo do que me chega, mas não me toca. Porque nada me toca. Quase nada. Estou parada, ilesa, a espera. E eu espero. Espero o tempo correr, o relógio girar. E acho que é tudo um grande labirinto, e eu não quero me perder de mim. Não quero perder esse friozinho bom no estômago. O friozinho bom da espera. Que gela tudo só pra poder esquentar depois.
Digo com os pulmões cheios de ares ansiosos, que não há palavra que denomine, nem verso que explique a mistura de sensações que me invadem a cada passar das horas. Não, não há nada. Tenho fome de você. Saudadeamorvontade de percorrer cada aresta do teu corpo. Só você precisa saber o que se esconde atrás do que eu pretendo dizer.
Corre tempo. Emenda tudo – passadopresentefuturo.
Passa logo. Como naquele poema do Bandeira...

Menina bonita Do vestido verde Me dá tua boca Pra matar minha sede Oô...Vou mimbora vou mimbora Não gosto daqui Nasci no sertão Sou de Ouricuri Oô...Vou depressa Vou correndo Vou na toda Que só levo Pouca gente Pouca gente Pouca gente
Bota fogo Na fornalha Que eu preciso Muita força Muita força Muita força....

L.

Tango para Layse

Assistindo meu pobre músculo sangrento palpitar, não pude deixar de notar: era tão suculento, avermelhado e pulsante, tão atraente em seu ritmo e cor. Sendo assim, coloquei-o ao ar livre, pra que seu cheiro absurdo pudesse tambem pulsar. alguem me pediu pra mordê-lo, e deixei.
Agora ele vaza, escorre, definha pelo buraco da mordida geométrica e adorada.
Não posso deixar de olhar para o triste e respeitoso espetáculo do qual pareço estar de fora, passivo. sendo assim, não posso escrever, nem pintar. posso só gritar o eco líquido da minha paixão carnívora, pulsante, como o sangue que ainda palpita na calçada.


G.