Anos solares:
Cada arco que surfei na face do planeta pesou um pouco mais detrás das minhas costelas.
Foram dias abarrotados de Instante,
com fendas largas para o Nulo,
e uma ponte estreita para o Agora.
Empregnado de tempo, ergo os olhos, agora estrábicos e divergentes, ao meu topete.
Reinventei orgulho e humildade, diariamente, pra tocar aquilo que me disseram
"soul",
mas me esqueci de preparar novas vontades.
Vi, vivi, cultivei a alma que ofereci e deixei.
Cada certeza conquistada pelo preço de bobas cicatrizes, só me faz agora hesitar.
Gaguejo com um fio de franqueza: O-onde está o p-poeta destemido das esca-darias da cid-dade -
aquele que um dia fui?
E intuo a estranha voz que me responde: Ele dorme tranquilo no colo de sua mãe, até que águas noturnas terminem de lavá-lo.
Ronca, ri, baba e peida, dormindo. É o mesmo, como nunca.
G.
sexta-feira, 18 de outubro de 2019
Sou
domingo, 9 de agosto de 2015
Alguém de vocês presente?
Parar de que?
terça-feira, 10 de dezembro de 2013
o que o oceano não dilui?
eu tenho outras deixas
outras queixas
que não te cabem
que não tem a ver com o imenso oceano
que você deixou entre os nossos nós
essa história de querer quando convém
já disse outra voz também cansada
vai tirar seu sono vai
te despir na rua vai
'triturar tua divina vaidade'
eu tenho outras frechas
e nenhum instante sobre
a saudade define
o que escorre entre os entres do tempo
já não tenho pressa de falar
sua língua não tenho pressa
de alcançar o derradeiro
e de leviano só sobrou a
prece precipitada
suspensa e líquida no ar
eu tenho outras crenças
que o oceano não diluí
outros laços, outros nós
que já não te inclui
e essa voz cansada só canta agora
porque guardar é que não convém
nada mais é tão definitivo
já que na defensiva
o amor não aflui
[o amor con-
flui o amor
conflui o amor com
flui o amor conflui]
C.
segunda-feira, 19 de julho de 2010
Bem Vinda
Bem vinda, melancolia!
Vem confundir a minha pressa, refrescar minha retina! Faz tropeçar a altivez, emoldura a solidez do singelo.
E chova, alaga-me, afoga o que não é eterno, fertiliza minha verdade.
Tritura a vaidade, que me condena ao não. E me faça voar num vento quente e azul.
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
Uma prece
Pela alma penada na avenida
Pelos pássaros famintos na calçada
Pela rima, prosa esquecida
E por tudo que não é da sua alçada.
domingo, 15 de março de 2009
sábado, 27 de dezembro de 2008
Vinte e sete, Treze, dezoito e trinta e três
Esse tal de...
Diz que anda acendendo vela para Dona...
Sabe, esse tal de Espírito... não sabe?
Ele persiste em acender os cigarros
Continua abotoando os botões do paletó
para que as moças possam olhar com desejo
Mas, esse tal de...
Anda comendo muita gente,
Todos já sabem que não é mais crente
E que quem o domina, não é o salvador.
Ah, mas esse tal...
Sabe que quando o dia madruga
Boa coisa não à de vir
A polícia já amanheceu na rua
Tomando tiro dos maloca
que sabem como é difícil viver.
Na certa esse tal de...
Anda cavando buracos
Esquecendo do taco
Uivando para lua e o azul.
Ele está de sacanagem,
Querendo e não querendo
Continuar vivendo,
Sentindo e não sentindo
As nuvens e o vento.
Talvez, se esse tal...
Olhasse para mim,
Voasse para mim.
E eu,
Tão mascada,
Tão prevísivel
Perdesse a máscara
Atropelando as crianças
Esquecendo da infância
Que prometi nunca,
nunca,
Esquecer.
Ah, se apenas sorrisse.
Ao lado, ninguém
[Como vitreau
Como discos, Poesias]
C.
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
Tão egoísta: Carolina
O quê?
Eu. Carolina sou eu?!
Será que é mal de Carolina, ser egoísta?
Será que só as Carolinas sabem fingir o que ser?
Talvez não passa de egocentrismo, mas como cabe tanto, dentro de um único ser?
Carolina, é feito de nada
Um nada tão doce, que chega a enganar
Mas um dia a máscara caí
E em prantos, acabando à se afogar.
Olhos de azeviche, de menina
Desconhece o verdadeiro sentido de amar
Quem nasce Carolina, em boa coisa não pode acabar
Sonha em amar loucamente,
mas no fundo anda sempre doente
Dormente pra tudo, por tudo
Só mente
Não suporta a vida vazia,
Por isso faz pessoas sofrer
O que acontece com a Carolina,
Que atravessa a rua sem olhar para os lados?
Onde ficou Carolina nos anos passados?
Elas quase não lembram de nada,
Não sabem de tom, nem de seus sentimentos
diz coisas sem sentido,
pois nunca sabe o que sente.
Carolina, Carolina
Mesmo muda ainda fascina
é mesmo 'crua' sua auto-estima
Carolina, por que continuas a ser assim?
Cuidado na estrada, menina
O caminho sempre tem um fim.
C.