sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Sou

Anos solares:
Cada arco que surfei na face do planeta pesou um pouco mais detrás das minhas costelas.
Foram dias abarrotados de Instante,
com fendas largas para o Nulo,
e uma ponte estreita para o Agora.

Empregnado de tempo, ergo os olhos, agora estrábicos e divergentes, ao meu topete.
Reinventei orgulho e humildade, diariamente, pra tocar aquilo que me disseram
"soul",
mas me esqueci de preparar novas vontades.
Vi, vivi, cultivei a alma que ofereci e deixei.
Cada certeza conquistada pelo preço de bobas cicatrizes, só me faz agora hesitar.

Gaguejo com um fio de franqueza: O-onde está o p-poeta destemido das esca-darias da cid-dade -
aquele que um dia fui?
E intuo a estranha voz que me responde: Ele dorme tranquilo no colo de sua mãe, até que águas noturnas terminem de lavá-lo.
Ronca, ri, baba e peida, dormindo. É o mesmo, como nunca.




G.

domingo, 9 de agosto de 2015

Alguém de vocês presente?


Tenho pensando em fazer uma assembléia
algo meio geral pra preparar algum papel e
determinar nossa demanda toda

Não gostaria de ficar escrevendo como se alguém fosse ler
então talvez mude o rumo só um pouco, pra transbordar

Não tô vazia não. Me sinto é cheia demais e nossa relação já não anda aquelas coisas
Nem sei das coisas que deveriam ser, mas sei lá, parece que nada mais encaixa
Deixei de transcender, deixei de ser conjunto

É impressionante como tudo, às vezes, parece mais abstrato que antes
Muito vago, rotineiro, calejante 
As formas se confundem demais e se diluem de menos

Das perguntas que fiz, só tive resposta 
que vieram com a interrogação no final

Alguém vai me escutar por aqui?

Tenho pensado naquela publicação 
Vou montar uma editora independente
já que sempre trabalhamos meio livres
vacas no pasto.

Não sei exatamente o que caberia,
mas pelo que tenho lido, algo coletivo pode funcionar

Vou ter que chamar a assembléia mesmo
e se quem for membro, não aparecer
decidimos com quem for

Se for
Espero que vá
E que eu lembre de fazer
Fazer parar
Parar de que?

Eu tava pensando em fazer




terça-feira, 10 de dezembro de 2013

o que o oceano não dilui?

eu tenho outras deixas
outras queixas
que não te cabem

que não tem a ver com o imenso oceano
que você deixou entre os nossos nós

essa história de querer quando convém
já disse outra voz também cansada

vai tirar seu sono vai
te despir na rua vai
'triturar tua divina vaidade'

eu tenho outras frechas
e nenhum instante sobre
a saudade define
o que escorre entre os entres do tempo

já não tenho pressa de falar
sua língua não tenho pressa
de alcançar o derradeiro

e de leviano só sobrou a
prece precipitada
suspensa e líquida no ar

eu tenho outras crenças
que o oceano não diluí
outros laços, outros nós
que já não te inclui

e essa voz cansada só canta agora
porque guardar é que não convém

nada mais é tão definitivo
já que na defensiva
o amor não aflui

[o amor con-
flui o amor
conflui o amor com
flui o amor conflui]


C.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Bem Vinda

Bem vinda, melancolia!
Vem confundir a minha pressa, refrescar minha retina! Faz tropeçar a altivez, emoldura a solidez do singelo.
E chova, alaga-me, afoga o que não é eterno, fertiliza minha verdade.
Tritura a vaidade, que me condena ao não. E me faça voar num vento quente e azul.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Uma prece

Pela alma penada na avenida
Pelos pássaros famintos na calçada
Pela rima, prosa esquecida
E por tudo que não é da sua alçada.

domingo, 15 de março de 2009

Amor, surrealismo e mais nada

http://coracaononsense.blogspot.com

L.

sábado, 27 de dezembro de 2008

claridade lúcida, impreterivelmente manhã.

Vinte e sete, Treze, dezoito e trinta e três

Esse tal de...
Diz que anda acendendo vela para Dona...
Sabe, esse tal de Espírito... não sabe?

Ele persiste em acender os cigarros
Continua abotoando os botões do paletó
para que as moças possam olhar com desejo
Mas, esse tal de...
Anda comendo muita gente,
Todos já sabem que não é mais crente
E que quem o domina, não é o salvador.

Ah, mas esse tal...
Sabe que quando o dia madruga
Boa coisa não à de vir
A polícia já amanheceu na rua
Tomando tiro dos maloca
que sabem como é difícil viver.

Na certa esse tal de...
Anda cavando buracos
Esquecendo do taco
Uivando para lua e o azul.

Ele está de sacanagem,
Querendo e não querendo
Continuar vivendo,
Sentindo e não sentindo
As nuvens e o vento.

Talvez, se esse tal...
Olhasse para mim,
Voasse para mim.
E eu,
Tão mascada,
Tão prevísivel
Perdesse a máscara
Atropelando as crianças
Esquecendo da infância
Que prometi nunca,
nunca,
Esquecer.

Ah, se apenas sorrisse.

Ao lado, ninguém
[Como vitreau
Como discos, Poesias]


C.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Tão egoísta: Carolina

O quê?
Eu. Carolina sou eu?!

Será que é mal de Carolina, ser egoísta?
Será que só as Carolinas sabem fingir o que ser?
Talvez não passa de egocentrismo, mas como cabe tanto, dentro de um único ser?
Carolina, é feito de nada
Um nada tão doce, que chega a enganar
Mas um dia a máscara caí
E em prantos, acabando à se afogar.

Olhos de azeviche, de menina
Desconhece o verdadeiro sentido de amar
Quem nasce Carolina, em boa coisa não pode acabar
Sonha em amar loucamente,
mas no fundo anda sempre doente
Dormente pra tudo, por tudo
Só mente

Não suporta a vida vazia,
Por isso faz pessoas sofrer

O que acontece com a Carolina,
Que atravessa a rua sem olhar para os lados?
Onde ficou Carolina nos anos passados?
Elas quase não lembram de nada,
Não sabem de tom, nem de seus sentimentos
diz coisas sem sentido,
pois nunca sabe o que sente.

Carolina, Carolina
Mesmo muda ainda fascina
é mesmo 'crua' sua auto-estima

Carolina, por que continuas a ser assim?

Cuidado na estrada, menina
O caminho sempre tem um fim.


C.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008






O amarelo que ainda me resta.








C.