Hoje mergulho na imensidão do abismo. Respiro pouco porque dói. Dói muito, dói tudo. Não sei quem sou, o que sou. Nem mesmo se existo. Derramo lágrimas amargas, meu coração está aos prantos.
Se é corpo o nome disso que encapa nossa alma, já não lembro mais como o meu é. Minha vida fugiu para um canto por aí, que não vi. Confundo o doce da morte com o azedo da vida, não sei se estou viva, meu sangue já não sinto correr.
Que pensamentos são esses, que devasta e me arrasta para um negro mar atrás do fim?
Onde fica a vida?
Eu já tive caráter?
Ouço alguém chamando um nome de longe. Não sei se é o meu. Não lembro se tenho um. Mas, é uma voz tão estigante, tão propícia, que daqui a pouco vou atrás. Só quero ter a certeza de que não é mais o vácuo, que vez ou outra aparece para me atormentar e dizer coisas sem sentido. De coisas sem sentido já basta tudo.
O vácuo entra em mim toda vez que o vazio chora. O choro faz parte do vazio que está sempre no escuro, com medo de quem tem medo.
Não adianta, coração. Você não bate e nem vai bater mais, sua escolha foi essa, então, agora assuma. O risco já passou do rabisco. A fila andou e você esqueceu de entrar.
Sai voando coração feupudo. Não cabe mais tristeza nesse mesmo ser. Não cabe nem amor. A dor ameaça contar tudo, mas as palavras somem toda vez que a boca se abre.
Mergulho, apavoro e me afogo.
Todo dia.
O tempo todo.
C.
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
viva a morte em mim
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Um comentário:
ô neneim...
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