quinta-feira, 29 de março de 2007

e depois de sentir um leve fisgar dos calcanhares, depois de ouvir meu estômago reclamar de gases, e ver muitos fios de cabelos caindo de minha cabeça, após sentir antecipadamente o cheiro da merda que corria pelas minhas tripas, acordei num estalo de certa paralisia vital, uma não-vida (consequentemente nem morte) temporária.
Tinha algo na minha boca, algo já não tão fresco que havia esquecido de saborear. Então saboreei, e lembrei o quão prazeroso é saborear.
Sentir um gosto, encontrar prazer, tocar todos os sentidos como se um só fossem (e quem sabe sejam mesmo).
Vivo sou e estou ao poder sentir os sabores de minha lingua.


(só não coloquem amor na boca que quem saboreia, pois amor tem o sabor amargamente envolvente, e torna eterna cada textura, a cada mordida infinita. é como descansar do tempo. é como dormir de dor.)



G.

Um comentário:

Anônimo disse...

de quem é esse?????