sábado, 10 de maio de 2008

Eu minto.

Eu minto durante todas as estações, principalmente nessa, quando os ventos são mais frios e os dias mais curtos. Minto quando acordo e quando durmo, quando falo e quando danço, e até quando digo que te amo. Minto todos os dias, a toda hora e para todas as pessoas. Nessa época do ano, os malditos ventos frios trazem o desordenado incômodo da inconstância. Minto por que tenho motivos de sobra para não querer a verdade. Ela me entorpece e ludibria enquanto flutuo sem maiores preocupações.
Não te amo, apenas sinto falta da perna que amputei, a perna que mal sinto que mal conheço que mal vejo e que tanto sei. Ardo pelo amor que um dia alimentei e sigo mentindo costurando as minhas inverdades com as inverdades alheias, procurando a insensatez onde ela não existe, tentando acertar insistindo no erro, acreditando nas minhas mentiras, como se elas durassem até amanhã.
Saudosa verdade, foste a razão da minha honestidade. Mas há tempos olho nos seus olhos e te faço acreditar em todas as minhas mentiras, exatamente como acredito piamente nas suas quando me falas tão verdadeiramente.
Perdão, às vezes me esqueço da sua natureza devassa. Ah, e perdoe também a minha sinceridade, eu sei que ela destrói tudo o que ainda resta de bom naquilo que fazemos tanta questão de dizer que está encerrado.
Por isso sigo mentindo, todos os dias, a toda hora e para todas as pessoas...
Minto para nem saber da verdade.

S.

Um comentário:

Anônimo disse...

eu minto,
tu mentes,
eles mentem,

nós mentimos.