terça-feira, 22 de maio de 2007

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Aquelas luzes comuns em prostíbulos, reluziam as orgias da festa que fui te buscar, seu cabelo todo molhado e bagunçado, seu corpo cheirando a sexo e seu nariz escorrendo de tanta coisa que deve ter entrado por lá. Mesmo assim, mesmo não (te) querendo, enxerguei todas as imperfeições perfeitas de quem é digna de acordar na minha cama. Mesmo nesse seu estado assustador e tão comum, meu corpo cheirando a perfume francês desejava o seu exalando traição. Te coloquei no carro enquanto aqueles que tinham te comido a noite inteira riam da minha cara, liguei o rádio e estava bem naquela estação universitária que tocava os melhores jazz de todos os tempos, sabia que você iria gostar. Sua cabeça continuava batendo no vidro do carro a cada curva e seus berros acordavam o bairro inteiro. Cheguei em casa, acendi as luzes, abri a porta do banheiro, deixei você encostada ali naquela parede decorada, toda colorida, que a cada banho um novo desenho alguém descobria. Liguei o chuveiro e fui tirando sua roupa, em um misto de mãe e mulher. Curti cada pedaço do seu corpo e te usei, como uma peça barata que você costumava se apresentar. Subi as escadas, peguei os lençóis mais brancos e toalhas novas. Enxuguei seu cabelo, escovei seus dentes com aquela esova com motorzinho, a pasta doce que cheira a remédio e deixei a luz do espelho ligada. Você hesitava cada toque, tive que ir escorando na parede do corredor até chegar no quarto. Te vesti uma camisa que meu pai tinha esquecido em casa (ele sempre se suja comendo!), e admirei cada milímetro dessa mulher desprezível que você insiste ser.
A hora que você acordou daquele "sonho" que com certeza não irá lembrar, ali em cima daquele criado que se não fosse mudo seria meu inimigo, estavam as panquecas americanas, o café que tinha acabado de passar, o morango com mel, o chocolate suíço e as amêndoas que você tanto adora. A hora que aparecei na porta ouvi milhares de desculpas e com um leve beijo esclareci o bom-dia que ali começava. Fizemos sexo com gosto de café misturado com ressaca e manhã.
Tive que faltar ao almoço de domingo na casa dos meus pais, porque até minha avó sentada na ponta da mesa perceberia os olhares transbordando desejo. Atrás da porta do banheiro do restaurante ninguém imaginária que aquela menina de saia rodada e sapatinho de boneca estava com as pernas abertas em cima daquela mulher de vestido e franjinha angelical. Uma só menina-mulher.


A.

3 comentários:

Anônimo disse...

to passadinha da silva, de tão foda que isso foi.

Anônimo disse...

sorri sete vezes.
uma pra cada pêlo eriçado.

Anônimo disse...

A.

visualizei cada centímetro de fragmento.
cada pitadinha de desejo. cada sensação no sentido literal da coisa.
surtou mto. e vai surtir efeito.
roda um curta!

clap clap clap!

mc.