sábado, 26 de maio de 2007

Sob consentimento meu.

Saí de casa confiante de que hoje seria diferente e foi, minha indiferença não ficou tão evidente mas a minha superioridade cínica voltou como se nunca tivesse ido embora.

Naquele momento eu apenas olhei, e com frieza diagnostiquei o que já estava claro há muito tempo. Deixei que falassem no meu lugar, também não me importei com as longas pausas e nem com aquele silêncio que antes era incômodo.

O silêncio foi música, e eu pude ter o prazer de me calar e ouvir com paixão, por que era isso que eu queria, queria que meu silêncio fosse sinfonia, que invadisse cada canto seu e te atormentasse como a sua inquietude me atormenta, que fosse agudo e grave, que quebrasse copos e que incomodasse vizinhos, que acordasse o mundo para eu então apenas olhar e simplesmente deixar passar, deixar passar aquele momento de dizer as coisas certas. Eu não teria coisas belas nem certas a te dizer, eu não esperaria pelo momento por que sei que ele nunca vai existir, mas caso existisse e entrasse pela janela eu abriria a porta, me esconderia debaixo da cama ou o expulsaria com fervor.

De verdade verdadeira eu me importei com pouca coisa, só pensava em tudo aquilo que você queria saber e em tudo aquilo que eu nunca ia falar.

Não doeu, não machucou nem arrancou pedaço, só peguei a gripe da apatia.

E é só por isso que eu não canto, por que quando estou com você, a única coisa que gosto de ouvir é o meu próprio silêncio, mas para ouvir o meu silêncio eu não preciso de companhia.

S.

2 comentários:

Anônimo disse...

parece que posso ver os dedos o teclado e os pensamentos bagunçados.

Anônimo disse...

parece que posso ver a face de jesus

(desculpa, mas não consigo me conter quanto a isso)